Há muito tempo ela não se sentia tão viva.
Existia ali algo inesperado, desconhecido.
Não, talvez não desconhecido. Esquecido.
Ela havia esquecido o que era o desejo,
o que era sentir as pernas queimando.
Aquele fogo subindo corpo acima,
tirando-lhe a capacidade de raciocinar,
de ser coerente.
Balbuciava coisas sem sentido.
Era assustador o que ele estava fazendo
com sua mente,
mas desesperadoramente delicioso o que fazia
com o seu corpo.
Perdeu os sentidos.
E quando acordou, ele não estava mais ali.
Juntou os trapos, os cacos,
o desejo que lhe vertia pelos poros.
Nunca mais se sentiu tão viva.
E nunca mais conseguiu falar de si mesma
na primeira pessoa.
Perdera-se.
*The Aftermath. Aquilo que sobra depois da calamidade. As consequências que ficam ao fim da guerra. Aqui, o pós delírio. O que sobrou ao fim da devastação emocional. Aftermath.
E finalmente o que ela sentia
deixou de ser ansiedade,
deixou de ser apatia.
Virou apenas saudade...
Maravilhoso, tangível.
ReplyDeleteOpa! Mais um belo quintal moderno que encontro.
ReplyDeleteMais cedo, passarei aqui pra te ler mais.
Paz e luz!
repleto de sentimento e sentido.
ReplyDeleteCHE GUEVARA
ReplyDeleteO látego do carrasco
Deixou a mostra as veias abertas
De uma América sem líderes,
Cheia de ditadores patéticos
E de déspotas obtusos,
Promíscuos em suas salas de mármore.
Há os que iludem com discursos
E os que mentem sem palavras –
Apoderam-se de mecanismos de tortura
Para espalhar o pânico e o terror.
A América se ergue com a sua mão direita
Que, ensangüentada, deixa-se extinguir,
Cambaleante cai sobre a perna esquerda,
Em repetidos golpes...
O guerrilheiro está morto!
Seu idealismo se tornou sonho,
O sonho transcreveu sua lenda,
A lenda transformou-se em eternidade.
A América de Guevara se perpetua,
Em sua eterna busca
Pelos verdadeiros líderes,
Por sua total e plena liberdade.
*Agamenon Troyan (poeta brasileiro), autor do livro O ANJO E A TEMPESTADE